Políticos ultraconservadores do Japão cria proposta para "gerenciar" cultura de animes e preocupam autores e fãs

Ultraconservadores no Japão propõem “gerenciar” animes e preocupam fãs

Propostas do Partido Sanseitou Despertam Preocupação na Indústria de Entretenimento do Japão

A Câmara de Conselheiros do Japão está prestes a passar por uma votação crucial neste fim de semana, e os partidos políticos começaram a divulgar suas propostas. Nesse cenário, uma iniciativa em particular se destaca: o partido Sanseitou, conhecido por sua postura nacionalista e ultraconservadora, apresentou planos que chamaram a atenção da comunidade otaku e da indústria de entretenimento.

Base Industrial para Mangás, Animes e Jogos

A proposta do Sanseitou visa estabelecer uma base industrial robusta para o setor de mangás, animes e jogos, tratados como ativos culturais essenciais para o Japão. Segundo uma nota divulgada pelo partido, em 2022, essas indústrias arrecadaram impressionantes 4,7 trilhões de ienes no exterior, uma cifra que rivaliza com as exportações de semicondutores. O partido pretende posicionar essas indústrias como fundamentais para o desenvolvimento econômico japonês e utilizar sua influência cultural para fortalecer a diplomacia do país.

Principais Medidas Propostas

As diretrizes específicas apresentadas pelo Sanseitou incluem:

  • Desenvolvimento de Recursos Humanos: Melhoria da educação especializada e do ambiente de trabalho no setor.
  • Expansão Internacional: Apoio à entrada em mercados estrangeiros e promoção de coproduções internacionais.
  • Revitalização Regional: Uso de animes para revitalizar áreas locais e promover o turismo.
  • Proteção de Propriedade Intelectual: Gestão adequada de direitos autorais e remuneração justa para os criadores.
  • Definição Cultural: Delegar autoridade ao Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia sobre o que é considerado um “desenvolvimento saudável”.

Reações da Indústria e dos Fãs

A proposta gerou reações de preocupação entre criadores famosos, como Hikaru Yuzuki (Amai Seikatsu) e Hideki Arai (The World is Mine), que questionaram o que significariam os termos “desenvolvimento saudável” e o possível controle governamental sobre a cultura. Criadores temem que temas como LGBTQIA+ possam enfrentar censura sob essa nova proposta.

Fãs também expressaram preocupações sobre o futuro de obras que poderiam ser vistas como culturalmente inapropriadas, como Yuri e BL, além de questionar o tratamento de assuntos relacionados à tribo indígena Ainu em produções como Golden Kamuy.

Resposta do Sanseitou

Em face das críticas, o Sanseitou afirmou que seus ideais não pretendem transferir os direitos de obras criativas para o Estado, mas a desconfiança persiste na comunidade artística. Apesar de sua influência ainda ser modesta no Conselho japonês, previstas mudanças podem ver o partido aumentar sua representação de uma cadeira para sete nas próximas eleições.

Futuro Incerto

Ainda não está claro se o Sanseitou poderá unir forças com outros partidos para formar uma frente conservadora. O impacto das propostas do partido sobre a liberdade criativa e a diversificação cultural do Japão é, sem dúvida, um tema a ser observado com atenção.

Para mais informações, confira este vídeo no YouTube.

Fontes:

A indústria de entretenimento e a comunidade otaku continuarão atentas às movimentações políticas que podem afetar seu futuro.

Indústria de Animes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *