Ex-chefe de TI do Corinthians aponta falhas na emissão de notas fiscais do CT

Ex-chefe de TI do Corinthians Revela Novas Irregularidades nas Notas Fiscais do CT

22 de maio de 2025 20:24

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• Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

No início de maio, o Corinthians divulgou uma nota oficial em seu site esclarecendo a controvérsia sobre a gestão das notas fiscais de produtos da Nike, enviadas pela Fisia, representante da marca no Brasil, diretamente para o CT Joaquim Grava. Essa prática foi adotada na atual gestão, enquanto anteriormente a logística era centralizada no Parque São Jorge. O clube afirmou que todos os lançamentos contábeis estavam regulares e constavam no balanço de 2024.

Entretanto, novos documentos indicam que, desde o início de 2024, o CT Profissional do Corinthians emitiu centenas de notas fiscais em seu CNPJ, fora do sistema implementado apenas na sede do clube. O valor total das notas chega a quase R$ 1,2 milhão, sem que tenham sido registradas nos relatórios financeiros do clube.

Os itens adquiridos vão desde materiais esportivos, como chuteiras da Adidas, a produtos alimentícios e até brinquedos. Uma planilha obtida pela Central do Timão detalha 1.424 compras realizadas entre 25 de abril de 2024 e 27 de janeiro de 2025, somando R$ 1.193.359,66. Marcelo Munhoes, ex-chefe de TI do Corinthians, demitido em janeiro, afirma que essas notas não foram devidamente lançadas.

Atrasos e Problemas Fiscais

Em entrevista, Munhoes alertou que o número de notas não registradas pode ser ainda maior. O CNPJ do CT não foi utilizado adequadamente até 2024, o que gerou a falta de ferramentas necessárias para a contabilização e o controle fiscal.

“Estima-se que cerca de 3 mil notas fiscais emitidas para o CT não foram lançadas na contabilidade do clube em 2024. O Corinthians conseguiu regularizar uma parte manualmente, mas ainda não tem uma visão clara da gravidade do problema.”

Munhoes também mencionou que as notas fiscais relacionadas à Nike não foram registradas corretamente. Em 2024, o clube recebeu 33.908 itens da fornecedora americana, com um valor total de R$ 13.200.598,11, dos quais o CT recebeu itens avaliados em R$ 4.941.075,13.Essa soma foi citada na nota oficial do clube em 10 de maio.

No entanto, até janeiro de sua demissão, o clube não fez o registro adequado das notas fiscais, o que pode acarretar multas e sanções pelo atraso na contabilização, desrespeitando a legislação fiscal.

“O clube deve garantir a conformidade contábil e fiscal, especialmente no registro de notas fiscais de entrada e no controle de estoques, avaliando riscos e possíveis infrações à legislação.”

Ainda segundo Munhoes, a falta de controle das notas fiscais do CT expõe o clube a sanções fiscais, o que pode levar a autuações e multas severas—mesmo que haja correções tardias.

Denúncias sobre o Estoque do CT

Munhoes alega que não há controle sobre os estoques do CT, o que resulta em uma lacuna crítica nas informações fiscais, uma vez que o departamento financeiro adquiriu um certificado digital apenas em novembro de 2024.

“Os materiais da Nike enviados para o CT estavam sendo tratados como se fossem irregulares. A gestão tinha a intenção de criar um sistema de controle paralelo, o que não é adequado, uma vez que as informações precisam ser integradas.”

Consultoria e Alertas de Irregularidades

A EY, consultoria parceira do Corinthians, já havia alertado sobre irregularidades na gestão das notas fiscais durante o primeiro semestre de 2024. Trocas de e-mails mostram que os dirigentes estavam cientes das falhas na descentralização do estoque e da emissão das notas fiscais, o que já gerava um rombo de R$ 3,5 milhões em notas não lançadas.

A consultoria recomendou que a centralização do estoque fosse feita no Parque São Jorge, foco que foi negado pela equipe do CT. Eles justificaram a descentralização com problemas logísticos.

O TI do Corinthians, na figura de Munhoes, sugeriu que a alteração no faturamento precisava de autorização prévia para evitar autuações fiscais. Apesar de um novo sistema de gestão ter sido implementado, as diretrizes para regularização das notas pendentes não foram seguidas.

Consequências e Próximos Passos

Enquanto o Corinthians não regulariza totalmente sua situação fiscal, o clube continua vulnerável a penalidades do SPED e pode prejudicar sua relação com a Nike, além de afetar sua reputação no mercado.

A Central do Timão entrou em contato com o Corinthians para saber mais sobre as alegações. O clube se comprometeu a investigar as informações e fornecer um retorno que será devidamente divulgado.

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